[band-aid, prozac e outros paliativos]



sexta-feira, novembro 29, 2002

Eu sempre olhei com restrições horóscopos, mas esse cara tá me impressionando diariamente. Será que estou sugestionada? Sei lá. Estou começando a acreditar. Vou postar aos poucos alguns dados do meu mapa astral.


Miss_K | 10:14 PM |

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CLARICE LISPECTOR:

O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo... Eu tenho uma falta de assunto essencial. Todo homem tem sina obscura de pensamento que pode ser o de um crepúsculo e pode ser uma aurora.

Miss_K | 7:56 PM |

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quinta-feira, novembro 28, 2002

Dormir. Tentar ao menos.
Se conseguir, sonhar com coisas boas.
Espero.

Miss_K | 10:34 PM |

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Eu acho horóscopo um negócio engraçado. E em outro dia eu até riria...

CÂNCER (21 jun. a 21 jul.)
Seus irmãos de Sagitário andam cheios de idéias agora e de tanto entusiasmo começarão a interferir em seu trabalho. Leve na esportiva, não fique amuado(a). Se você não quer perder espaço, terá de dançar mais rápido. Nessa nova dança, se esforce para dar ritmo à esperança.


* * *
Olho no relógio. Os números são 22:22.
Mas creio que isso agora não queira dizer muita coisa...

Miss_K | 10:25 PM |

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Com o coração enlutado, Kodama lê e relê os escritos por ele deixados, principalmente o último.
Pensa em não mais fazê-lo. Afinal são espólio.
"Conforme-se, Kodama", tenta dizer a si mesma, "o que está morto, morto está".
Mas o coração, esse tolo persistente, não a deixa. Cerra seus olhos para que não veja a realidade que sentava-se ali ao seu lado.

Vestida com belas roupas, mas ainda sim Realidade, com sua taça de veneno.

Miss_K | 10:19 PM |

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Diante dos sinais confusos por ele emitidos, Pandora sacode Epimeteu: "Fale! Fale em uma língua que eu entenda... e devolva a minha paz."
Ariadne observa, atenta aos detalhes. Chora por ela. Chora por Pandora também. Pois crê que agora elas eram uma só.

Miss_K | 9:56 PM |

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Velvet Goldmine
"It's funny how beautiful people look when they're walking out the door"
Mandy Slade

"Someone has to take care of me, after all"
Brian Slade

Miss_K | 9:50 PM |

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???

Miss_K | 9:41 PM |

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(...)

Miss_K | 9:40 PM |

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E um da Sophia:

Parece que sim.
Escrever vale mais do que viver. Além de tudo, escrever é mais simples. Você nunca sabe bem porque está vivendo, e quando pensa que sabe, tiram-lhe este motivo. Mas você sempre sabe porque está escrevendo. E, se ainda assim, tentam lhe tirar o motivo, você já escreveu mesmo. Ninguém vai mais tirar isso de você. Porque você se ilude muito nessa vida, e escrever pode até ser ilusório, mas no fim das contas encontra sua própria concretização, de uma forma ou de outra.
Textos nunca são definitivos, você pode sempre revisar e dar um novo tratamento. Escrever aceita qualquer estado de espírito, viver aceita porque é o jeito.
Fazer o quê? Porque às vezes a vida parece muito longa, e você pode parar de escrever quando quiser. E depois retomar tudo em outro texto.
Escrevendo você não consegue distinguir se vive para escrever ou escreve para viver.
E talvez por isso mesmo, escrever nunca vai valer mais a pena do quer viver.

Miss_K | 1:02 PM |

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Um post do João Gabriel, mas que bem poderia ser meu:

A alma repartida em milhares de pedacinhos
Que juntos só conseguem formar um mosaico sem qualquer identidade



Miss_K | 11:54 AM |

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Pandora se aproxima de Epimeteu. Pega a caixa em suas mãos e a repousa no chão. Respira profundamente, olha em seus olhos.

"Esqueça por um minuto essa caixa. Afinal o que queres de mim?"

Miss_K | 11:33 AM |

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Havia um homem. Que não era todo homem. Era metade homem. A outra metade era cavalo. Chamam-no Sagitário.
E neste momento ele está em um embate feroz com um carangueijo. Um pequeno carangueijo. Câncer.

Luta desigual?

De modo algum. Pequeno, porém persistente, o carangueijo já ganhou essa disputa em outras vezes.

Sagitário age. Câncer escreve.

Miss_K | 11:29 AM |

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quarta-feira, novembro 27, 2002


:: Melancholy - Domenico Feti ::


Na verdade, essa figura deveria ser um link para uma matéria da Carta Capital sobre "o fim da psicanálise". Mas a mesma não está disponível na versão on-line da revista. Ou eu sou muito incompetente e não a encontrei.
Os mistérios da mente humana ainda me fascinam, apesar da bomba em Psicologia.

Miss_K | 11:18 PM |

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Não sei qual foi o motivo, mas de repente me lembrei de ti. Criança segurando a minha mão para dormir.

Miss_K | 10:40 PM |

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Para aqueles que gostam do CEP 20000:

Lembranças

Passo pelo prédio daquela amiga da 6a série.
Tenho poucos amigos desde a infância,
exceto pelos familiares.
Mas família a gente não escolhe.

Quisera um dia ter escolhido ser amigo
daquela amiga
por mais tempo.
Mas na vida a gente faz poucas escolhas
mais importantes que a cor da camisa
com que se vai ao trabalho ou ao cinema.

O fato é que não escolhi e, depois que mudei de escola,
Nos encontramos só mais algumas vezes e nada mais.

No meu aniversário de quinze anos ela me deu um beijo na boca
e foi embora.

Nunca disse para ela o quanto aquilo foi importante.
Na vida a gente esquece de dizer muitas coisas importantes.

Na verdade passo todos os dias pelo prédio em que ela morava,
Mas não sei se ela ainda mora no mesmo lugar.
Na vida as coisas mudam mais do que permanecem.
Pelo menos coisas como endereço, trabalho e situação conjugal.

Talvez a mãe dela ainda more lá.
Mães são todas iguais
E as mesmas.

Passo por este prédio todos os dias,
Mas poucas vezes tenho vontade de procurar
Aquela antiga amiga.
E quando tenho vontade,
Não tenho tempo
(isto pouco muda na vida)
Quando tenho tempo e vontade,
Não tenho coragem.
Do que será que eu tenho medo?

Não tenho tido coragem na vida
Pelo menos desde a 6a série
Quando achava que amava aquela menina
E não tive coragem de lhe dizer.
Não tenho coragem na vida
E sigo perdendo meus dias,
Todos os dias,
Como quem perde uma paixão não declarada.

Tarso Augusto

Miss_K | 10:33 PM |

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Andando pelo litoral numa quinta-feira, Pandora encontrou uma jovem adormecida. Ariadne era seu nome. Sentou-se ao seu lado velando seu sono. Quando no dia seguinte, uma sexta-feira, Ariadne acordou só pôde ver um barco partindo. Uma vela negra ao longe mar adentro. Havia sido esquecida enquanto dormia e sonhava docemente. Pandora fitou os olhos de Ariadne e já não sabia mais se eles eram seus ou dela. Hesitou. Ficar ou partir? Ir em frente ou retornar? Choraram-se as duas.

Miss_K | 8:30 PM |

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O lago é a única testemunha da espera de Pandora. Acompanha sua angústia, mede seu espírito. Suas águas outrora calmas e cristalinas agora mostravam-se revoltas e turvas. Por mais que tentasse ver seu próprio reflexo parecia impossível a Pandora encontrar a si mesma.

Do outro lado do lago, Epimeteu.

Pandora eleva seu olhar e tenta entendê-lo, procura a seu reflexo também. Mas na outra margem, as águas são as mesmas, embora sejam outras. São escuras por todo o lago. Molha os dedos na água fria e pensa no que Epimeteu estará pensando e no que ele pensa que ela pensa. E perdida está em tantos pensamentos. Novos e antigos. Ruins e Bons. O lago escuro a separá-los espacialmente e uní-los em outros planos.

A caixa agora está com Epimeteu.

"Eu sou uma e sou muitas", diz a Esperança tímida, porém altiva, no fundo da caixa. "A que lhe sirvo? Para que me queres?", pergunta a Epimeteu, que, temeroso, gira o mundo com os olhos em busca de algo. "Não adianta, Epimeteu, procurar. Prometeu, ele já me tem para enfrentar seu corvo todos os dias". Seus olhos buscam além do lago. "Buscas Pandora? Inútil. Ela já me tem também, sempre me teve. Sou dela, faço parte de sua amálgama desde sua criação".

Pandora baixou o olhar. O lago ainda escuro. Sabia que a resposta que procurava esbarrava na tampa da caixa, que Epimeteu apenas espiava. Sim, a esperança era dela, sempre fora, mas agora estava do outro lado do lago, em outras mãos.

Já a resposta que Epimeteu desejava... A Esperança bem sabia: "A resposta que procuras, Epimeteu, apenas tu a terás. Dentro de ti".

Miss_K | 2:14 PM |

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terça-feira, novembro 26, 2002

Pandora entregou a caixa a Epimeteu, que, sem pensar sequer uma vez, a abriu. Todos os males surgiram de dentro dela. Penso que Epimeteu talvez tenha se arrependido por não ter ouvido os conselhos de Prometeu, seu irmão, que recusara a mesma caixa por ser previdente. Nem tudo que é belo pode ser eternamente bom. Pandora trouxe consigo tristezas espalhadas mundo afora. Não entendo, porém, que zombaria foi essa de Zeus, que no fundo da caixa reservou a esperança. Ora, os deuses não são infalíveis? Portanto, engano não foi.

Na pressa de consertar o erro, Epimeteu a encerrou lá dentro. Apenas posteriormente olhou por uma fresta e a viu, a Esperança. Ela está lá, mas precisa de algo para se mostrar, para se espalhar desmanchada sobe os males. E só Epimeteu pode saber o que fazer, pois está em suas mãos agora a caixa que guarda toda a Esperança. A Pandora, Prometeu e seu corvo só resta esperar o que ele fará com a Esperança. E eles olham, olham, olham...

Miss_K | 11:56 PM |

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Já que a Luana pediu, o meu poeminha concreto:

Ter tido sem ter tido.
Mas qual é o sentido do ter sem-tido?

Miss_K | 11:13 PM |

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Os cartões voltaram a ter cor de café com chocolate.

Miss_K | 1:36 PM |

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Eu tenho uma caixa, mas que está fechada, trancada com um cadeado daqueles que têm em pasta 007, com um código que só o dono sabe. Eu não sou a dona da caixa, mas o dono largou o embrulho no meu colo e saiu. Então eu tenho uma caixa. E não tenho a menor idéia do que fazer com ela. Mais do que fechada e trancada, está lacrada. Tenho medo deste invólucro, de rasgá-lo e forçar a tranca com pé-de-cabra. Pois não sei o que posso encontrar. Pois posso danificar a caixa. Ela está lacrada, envolta em plástico preto fosco. Não passa luz, não vejo nada, nem uma dica, nem um vulto, nada. Sacudo a caixa suavemente. Não, não há barulho. Com mais força agora. Nenhum sonzinho a denunciar seu conteúdo. Ah, o peso! Olho ao redor e não encontro balanças. Não dá para saber exatamente, em quilos, gramas e miligramas. Mas como assim? Nem sei se é sólido. Pode muito bem ser líquido, gasoso, vácuo. Algumas vezes pesa mais; outras, menos. Não sei se é um presente, pois também pode ser o ausente. Passo os dedos e só sinto a superfície do plástico. A caixa não tem textura palpável pelos meus dedos. E fico com ela no colo tentando decifrar seus mistérios, ouvir seus sons, entender suas dicas metafóricas. Nem mesmo sei de onde surgiu essa caixa. Talvez da Grécia antiga. Talvez de um velho e cego escritor falecido. A única pista - e quão confusa é! - resume-se a uns cartões marrons colados em uma lata de cerveja. Cartões marrons, apenas. E que mesmo assim hoje estão brancos. Eis a minha caixa. Espero que não seja de Pandora, Epimeteu.

Miss_K | 1:36 PM |

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Post reaproveitado

Ainda se lembra do dia em que foi à fazenda do avô. Menina da capital, não sabia brincar essas brincadeiras de interior. Foi soltar pipa e - que desastre! - ela quase não saiu do canto. Os primos mangando a valer com suas pipas altas lá no céu. Teve vontade de chorar, mas ficou ali tentando não dar o braço a torcer. Fazia tanta força que os braços doíam. Não é questão de força, dizia o pai, mas de jeito. Após um monte de tentativas em vão, sua pipa finalmente começou a subir lentamente, com suavidade e cheia de cores vazadas pelo sol. Um brilho de celofane. Ela sorria, encantada e orgulhosa. Mas de repente um cerol cortou-lhe a linha. Engoliu o choro. Afinal agora sua pipa era a que voava mais alto, mesmo que o destino tivesse lhe escapado às mãos.

* Com oferecimento e agradecimento especial à Mari e Ritinha, suas fofas demais.

Miss_K | 12:13 PM |

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Como ele pode dizer que sabe o que sente?
Num instante, acho que sente uma coisa. No outro, já muda tudo.
Aí terminou a minha paz.

Miss_K | 1:14 AM |

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Não, as pessoas não têm noção.

Miss_K | 1:07 AM |

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Essa sobreposição de imagens...
Como me confundem e embaralham as minhas emoções. Umas causam saudade; outras, sofrimento.
Uma vontade de beijar, de vomitar, de abraçar, de estapear, de telefonar, de desconectar, de provar, de rejeitar...
de SIM e de NÃO.

Miss_K | 1:02 AM |

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Não consigo ignorar, não deixo de me preocupar. Sou humana e tenho gostar.
E é como se seus olhos ainda me fitassem em confissão.

Miss_K | 12:46 AM |

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Vou tentar dormir pensando se as pessoas têm noção do que estão falando.

Miss_K | 12:04 AM |

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segunda-feira, novembro 25, 2002

Talvez eu seja um pouco estranha. Quando olho para as estrelas, quero estar na praia. Ao contrário da maioria das pessoas, que têm a mesma sensação ao ver o sol. Será que tem alguma explicação?

Miss_K | 11:23 PM |

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Disseram que eu tenho um profile atormentado. Talvez. Nos últimos dias eu não tenho sido eu e não tenho estado normal.

Mas isso é normal, acontece com todo mundo. Não é?

Miss_K | 10:49 PM |

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ALMA

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

Fernando Pessoa

Miss_K | 10:15 PM |

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Me perdi em exercícios filosóficos e perdi a hora. As contas urgem, a aula espera e o ônibus é lento.
Não fiz minha rédaction e nem comprei Eugénie Grandet. Pardonne-moi, Balzac.

Miss_K | 3:21 PM |

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Como é que pode? Como é que pode?
Eu apaguei. Selecionei tudo e apertei o DELETE.
E quando eu vejo, está lá, me entregando.
Será que fiquei beréu?

Miss_K | 3:14 PM |

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Existe a verdade ou será apenas mais uma questão de retórica?

Que Platão não venha puxar meus pés.

Miss_K | 2:59 PM |

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Pode ser que haja algo errado. Tudo são interpretações.

Ela quer. Ele quer. Só que diferente.
Ela sempre por enquanto.
Ele de vez em quando talvez.

Miss_K | 2:51 PM |

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Talvez meu erro seja minha excessiva franqueza, meu jeito às vezes rude, mas não é sempre que eu sei enfeitar.

Miss_K | 2:33 PM |

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say it ain't so
your drug is a heat breaker
say it ain't so
my love is a life taker

I can't cofront you
I never could do
that which might hurt you

Miss_K | 2:19 PM |

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O perdão é a alforria do erro?
Depende de tantas variantes.
Se ao menos eu tivesse certeza...

Miss_K | 2:14 PM |

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When she wakes up in the morning
She writes down all her dreams
Reads like the book of revelations
Or the Beano or the unabridged Ulysses

Miss_K | 2:02 AM |

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A pior hora da noite é quando você se vê em conflito com os sons, cheiros, cores e formas.
A memória deforma, reforma, inconforma.
Seja o violão, a voz da diva, um sabonete, um perfurme, o azul noturno, objetos.
Pegar, compreender, entender.
Ganhar, perder.
Confundir.

Sóis pela manhã, ventos vindos de rios, luas aveludadas. Não os escuto mais, não os toco, não os sinto.
Não existem mais, a não ser naquele vale infindável chamado memória.

Miss_K | 1:54 AM |

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Temo que a flor esteja a essa hora no Jangurussu. Com vaso e tudo.

Miss_K | 1:36 AM |

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Como saber no que acreditar?
Nos olhos, que vêm letras confusas num fundo difuso? São borrões a cegá-los.
Nos ouvidos que escutam palavras baixas e pausadas? São vozes em fios.
No coração que diz uma coisa, pra no momento seguinte negar e depois reafirmar? São pedras no peito.
Na razão? Que razão pode existir? E onde encontrá-la?

Miss_K | 1:24 AM |

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domingo, novembro 24, 2002

Juro como tentarei pensar assim:
Como se lembrar de coisas boas, post do dia 20 de novembro.
E, moço, por favor, ajeite seu sistema de comentários.

Miss_K | 3:33 PM |

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sábado, novembro 23, 2002

Ela quer, mas era qualquer. Qualquer uma.
Ela não era uma, mas alguma.
Ela não era ela. Era aquela.

Miss_K | 10:09 PM |

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Sinto dizer, mas minha bela fantasia de Sakura- Dianne não combina nem um pouco com nariz de palhaço. Arranquei-o.
E pássaros... eles só servem pra cagar nas nossas cabeças. That´s all.

Miss_K | 3:25 AM |

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A cerveja desceu-lhe a garganta. Mais amarga do que de costume. Bem feito e Voce merece. Mas ela se recusava a ouvir as vozes que lhe sopravam no ouvido toda a sua ignorância. Tantos foram os conselhos... Agora era passado, feito e arrematado. O que ontem era nuvem transformou-se em pedra. Pesada, difícil de carregar. Olha a iludida achando que ia caminhar no azul de novo! Sorte que nem todas as cores decidiram abandoná-la e apareceu de repente um laranja, nada tranquilo, impulsivo até. Inesperado seria a palavra.

Todo aquele sol na escuridão em que se enfiou. Surpresa! Calor, luz, cor... Sorriu, embora soubesse que assim como o outro esse também duraria apenas o riscar de uma estrela cadente. Pegou o sol e segurou-o firme sentindo escapar seu fino pó pr entre os dedos. Dessa vez, no entanto, olhou com leveza o esvair. Queria apenas seu brilho fulgaz. Brilhou, apagou. Ela sorriu novemante, entregou-lhe um prosaico bombom e partiu para o mundo das letras e recordações doces. Até. Até.

Miss_K | 3:18 AM |

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quinta-feira, novembro 21, 2002

surpresas para o bem e para o mal.
triste é descobrir-se tira-gosto.

Miss_K | 3:31 PM |

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quarta-feira, novembro 20, 2002

Ah! Esqueci de dizer que eu conheço muitos Julianos-tem-medo-de-tudo.

Miss_K | 11:34 PM |

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Não sei se este blog fala sozinho ou não...

Miss_K | 11:28 PM |

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Ouvir a música. Senti-la. Tocá-la. Por fim, saltar...



Saltar sem medo da queda.

Flutuar.
Ou até cair, mas cair de pé.

Miss_K | 11:29 AM |

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JULIANO-TEM -MEDO -DE -TUDO
Quem tem medo do escuro?
Quem tem medo de monstro?
E quem tem medo de ficar sozinho?
Quem tem medo de cachorro?
A todas essas perguntas Juliano respondia sim.
Juliano tinha medo de tudo.

***

Numa bela tardinha de verão, tempos atrás, um menino chamado Juliano foi brincar com os amigos na praça que ficava em frente ao prédio onde morava. A brincadeira escolhida foi pique-esconde. Um, dois, três... contava a Gisele , e Juliano que procurava um esconderijo nem percebeu que estava longe demais das outras crianças. E lá vou eu, gritou Gisele, saindo correndo.
— Te peguei Letícia! Guilherme! Munique! Ué, mas onde está o Juliano?
E Juliano lá naquele cantinho da praça foi percebendo que ninguém o encontrava. Já era noite, e o cantinho estava ficando cada vez mais escuro. O barulho do vento nas folhas das árvores assustavam o menino. Foi quando ele desistiu de se esconder e saiu apavorado, correndo ao encontro das outras crianças que estavam bem debaixo de um poste de luz.
— Te peguei Juliano! Gritou Gisele.
Neste dia o menino tomou uma decisão: quando brincasse na praça, jamais sairia debaixo da luz do poste. Ele tinha muito medo do escuro.

***

Sexta feira! Dia em que a mãe do Juliano o deixava brincar até um pouco mais tarde na praça, porque no Sábado não tinha aula no colégio do garoto. E lá foi ele brincar debaixo da luz do poste. Estava uma noite muito quente, daquelas em que os insetos costumam aparecer. Como todo mundo sabe, os insetos gostam da luz tanto quanto o Juliano. Bem debaixo do poste , circulando a lâmpada surgiu uma nuvem de insetos que perdiam suas asinhas e caiam no chão.
Juliano também tinha medo de inseto, e quando percebeu que sua cabeça estava cheia de asinhas, pôs-se a correr para a portaria do prédio.
Foi então que Juliano tomou outra decisão: não sairia mais da portaria do prédio. Também com essa história de brincar só debaixo do poste, ele já estava mesmo ficando fora da maioria das brincadeiras, já não tinha muita graça brincar.

***

E assim foi. Nas noites quentes Juliano descia de elevador , porque ele morava num andar muito alto, e ficava atrás da porta de vidro da portaria vendo as outras crianças brincarem. Mas o porteiro, um homem muito zangado já não estava gostando de ver aquele menino sempre atrapalhando a entrada e a saída das pessoas no prédio.
— Menino, ou vai lá para fora ou volte para sua casa! Falou o porteiro com voz de trovão.
E Juliano que morria de medo de que brigassem com ele, entrou no elevador rapidinho e chegou em casa com uma nova decisão tomada: daquele dia em diante ele desceria o elevador daria uma volta na portaria só para dar uma olhadinha na bagunça da praça, e subiria novamente para o seu apartamento.

***

E foi o que aconteceu. Juliano descia o elevador, via e ouvia a barulhada da turma se esbaldando lá fora e voltava bem rápido para casa. Numa dessas descidas o elevador parou de repente! Quem costuma andar de elevador sabe que isso acontece de vez em quando. Mas por incrível que pareça o elevador nunca tinha parado com Juliano. E como era terrível ficar ali preso, parecia que o ar ia acabar, e ele começou a gritar desesperado: socooooorro! Eu quero sair daqui! O porteiro que já conhecia todos os problemas daquele velho elevador, num minuto o pôs para funcionar, e quando abriu a porta encontrou Juliano pálido de medo, tremendo todo.
Ele voltou para casa de escada. Chegou lá morto de cansado, já que morava no último andar. Foi então que tomou mais uma decisão: nunca mais poria os pés no tal elevador. Sua janela era em frente da pracinha e com um pouco de esforço ele enxergaria os amigos brincado lá em baixo.
Então seria assim, só desceria do prédio para ir a escola, ou ao médico, ou seja pra fazer essas coisas que não tem mesmo como deixar de serem feitas, e de escada.

***

Na tardinha do outro dia, quando ouviu os berros da Lane, que era muito esgoelada, correu para janela. Mas Juliano tinha esquecido que morria de medo de altura e ao olhar lá pra baixo ficou tonto . Decisão tomada: não dava pra ver a garotada da janela, o melhor mesmo seria divertir-se dentro de casa. Ver televisão, jogar vídeo game. Se pelo menos ele tivesse um irmão! Mas Juliano era filho único, e seus pais, como trabalhavam muito, chegavam sempre muito tarde e muito cansados para brincar com ele. A Marilene, que cuidava de Juliano e da casa também, não tinha tempo para brincadeiras, tinha panela para lavar, roupa para passar, comida para fazer... tanta coisa. É, o jeito seria divertir-se sozinho.

***

E assim aconteceu. Juliano foi ficando dentro de casa, via televisão, jogava vídeo game, brincava com seus brinquedos... Só que veio chegando de repente um medo novo: o medo de ficar sozinho para sempre. E o medo de Juliano era tão grande que ele quis se esconder da solidão e tomou mais uma de suas decisões: vou morar em baixo da cama, onde a solidão não vai me encontrar.

***

Juliano passou a morar debaixo da cama, e só saía de lá para fazer coisas como ir ao banheiro. Ninguém conseguia mais tirar o menino daquele lugar.
Como em baixo da cama era pequeno, já que ele dividia espaço com várias caixas coloridas que sua mãe guardava, ele parou de crescer.

***

Isso foi a muitos anos atrás. Quem mora naquele prédio, onde as crianças saem de seus apartamentos nas noitinhas bonitas, para brincar na praça florida, conta que naquele lugar, debaixo de uma cama, mora um menino que nunca cresceu... só porque teve medo de tudo.

Vaneska Mello

Miss_K | 11:25 AM |

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terça-feira, novembro 19, 2002

Se o tempo fosse um pedacinho de lycra que a gente pudesse esticar...

Miss_K | 1:52 AM |

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Coloquei links aí do lado.
Sinceramente, não sei o que você está fazendo aqui se podia estar em um deles.

Miss_K | 1:51 AM |

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Sabia que o recheio de chocolate era mais apetitoso que a cobertura de doce de leite.

Olhou ao redor. Não haviam facas.

Ah, se o aniversariante chegasse logo... O bolo ali a chamar, com recheio inatingível, massa mais fofa que os demais e cobertura brilhosa. Mas não podia comer antes do dono. Nem o chocolate, nem o doce.

Olhou ao redor. Não havia ninguém.

Furtivamente, num sopetão, tascou o dedo na cobertura. Levou o doce de leite, pastoso, consistente, gostoso até a boca. Assim, em meio segundo. Teve um pouco de vergonha.

Olhou ao redor. Ainda não havia ninguém chegado.

No mesmo movimento, outra camada de cobertura no dedo, na boca. Preferia chocolate à doce de leite, mas era o segundo que estava ao seu alcance. Então, aproveitou antes que os convidados aparecessem e a mãe brigasse.

Sim, menina, você tem razão. Escondido é mais gostoso.

Miss_K | 1:41 AM |

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terça-feira, novembro 12, 2002

Ele, arquiteto e paisagista, procurava flores. Ela tinha uma flor, que sutilmente oferece-lhe. De bom grado, ele aceitou e cravou-a em um jarro de vidro comprado por ambos numa dessas feiras de antigüidades. E todos os dias ela aguava a flor na esperança de vê-la crescer com pétalas macias e raízes fortes. Ele, no entanto, preferia apenas olhar e acariciar a flor acreditando que de nada ela fosse precisar além disso. Acontece que ela achava que ele regava a flor diariamente com o mesmo empenho e cuidado que ela tinha. E no dia em que a flor murchou um jogou a culpa no outro. "Você regou demais", ele dizia sem perder o sorriso. "E você não regou", ela rebatia com seus olhos semi-cerrados.

Ela chorava porque algumas pétalas já haviam sido arrancadas em outros jardins e a flor já não era mais tão forte. Nos profundos jardins e nos rasos jarros como aquele perdera parte do pólen. Sempre tentava salvar com açúcar, gelo ou sol, como ensinara a mãe. Depende se é flor de sombra ou de sol, diziam. De nada adiantava, não surtia efeito e ela sempre achava que estava enganada acerca dos sóis e sombras das plantas. Era obrigada a procurar outras terras, mas a cada mudança, a flor se feria no transporte e murchava ainda mais... Ela se entristecia porque sabia que seria difícil replantar aquela flor ali ou em qualquer lugar. Afinal não era bela, perfumada ou exótica. Era apenas uma flor. Dessas ordinárias que se acham a cada esquina. Dessas que se compram para durar uma semana na sala. Dessas que não se cultivam com esmero e dedicação das raridades.

O que fazer com a flor? Ele sugeriu que fosse arrancada do vaso e pronto, num estalar de dedos. Ela preferia deixar ali mesmo e ver o que acontecia. Ressussitar? Morrer de vez? Reencarnar? O que fosse, deixasse como estava, ver no que dá, um processo. Na discussão, o jarro escorregou das mãos de ambos e partiu-se em uma centena de pedacinhos brilhantes pelo chão. Sem vaso e sem flor, ela decidiu sair sem olhar pra trás. Ele comprou uma nova cola, especial, forte, potente e tentou colar os caquinhos. Ligou pra ela. Afobada, atende o celular. "Ainda temos um jarro de vidro", ele lhe diz. Um jarro de vidro depois que se quebra pode até ser remendado, mas jamais será o mesmo. Por que ele não entendia isso? Por que continuava a lhe oferecer o jarro vazio e remendado? Não dá, a água vaza, a terra escapa e a visão não mais agrada. Não é útil nem belo.

Voltou e viu o jarro em cima da mesa. Olhou para o paisagista e lamentou não ter a flor exótica que ele tanto procurava entre as ordinárias como a dela. Embora ela ainda tivesse dúvidas. Seria a ele que ela entregaria o seu jardim? Cria que não, mas lhe agradava a idéia de que ele cuidasse por um tempo dessa flor e do seu jardim secreto. Quiçá que descobrisse o encanto das flores comuns e próximas que tinha para lhe dar e a fizesse crescer e expandir seu perfume suave e cálido da noite.

Com a flor em mãos, percebeu que ainda havia um resto de pólen e protegeu-a com todo o cuidado de uma mãe. Envolveu-a em um santinho de São Bendeito e atou um laço cor-de-rosa. Saiu assobiando uma canção romântica de Cole Porter. Ainda restava a esperança, verde como aquele caule e macia como as pétalas, ainda que um pouco ressecadas. Encontraria alguém que gostasse de flores simples e que não se importasse com seu estado pálido ou suas raízes ainda sujas de outras terras. Alguém que a plantasse em um jardim, não em um vaso. Ou que mesmo num vaso, cuidasse para que não morresse antes de florescer totalmente.

Enfim, nada demais. Apenas alguém que bem-quisesse sua flor.

Miss_K | 2:38 PM |

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segunda-feira, novembro 11, 2002

Se já sabemos que sangra por que ainda procuramos a navalha e talhamos nós mesmos esse tal sentimento, não sem antes abençoá-lo?

Miss_K | 12:37 AM |

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terça-feira, novembro 05, 2002

Eu tenho que deixar de ser legal.

Miss_K | 8:53 PM |

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Como é difícil conviver com o amor de outros por outros. Não se trata de egoísmo, entenda. Só um sentimento de frustração por não ser o objeto de tamanha afeição. Só uma ponta de inconformismo consigo própria. Vontade de mudar e não saber por onde começar. Sim, é difícil isso. Demais para uma sonhadora.

Miss_K | 1:45 AM |

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segunda-feira, novembro 04, 2002

Uma vez conversando com amigos (Brusk e Mond presentes), chegamos no assunto sentimentos e de como é difícil nominá-los às vezes. Eu sugeri que havia chegado a hora dos neologismos. Mond inventou seu shuc-shuc, algo universal e que cabe em quase todas as situações. O problema é quando o sentimento sem nome está nessa seara do "quase". Sinto muito, mas acho que shuc-shuc não é o mais apropriado. E agora o que fazer? Como chamar? O LoserBoy namora e eu nem sei mais como me sinto. Não é amor, nem paixão. É mais que amizade. Seria injusto resumir à tesão. Dá uma saudade e dá uma raiva, assim compassadas. É carinho e também mágoa.

Sim, eu sei que é confusão. Mas isso é estado, não sentimento.

Miss_K | 5:38 PM |

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domingo, novembro 03, 2002

Eu não sei tocar nem caixinha de fósforo, minha voz é de uma menina de 9 anos e eu não tenho o menor talento para a música. Hoje, eu tenho planos de fazer aulas de baixo. Se não der certo, me conformo em ser apenas uma apreciadora.
Mas teve uma época que eu pensei que poderia entrar nesse meio através das letras. Cheguei até a mostrar a algumas pessoas. Elas riram. Mas eu sei que só três pessoas lêem isso aqui e sei também que nem a Sophs, nem a Raq e muito menos a Mari vão mangar das minhas pretensões adolescentes. Qualquer dia eu mostro pra Bina o meu samba. Mas essa é rock.

Tá bom. Podem rir. Eu não me incomodo.

Já joguei tudo sobre a mesa
As cobranças
As minhas e as tuas, lado a lado
Mas com toda a certeza
Não queremos mais tantas contas


Eu posso até calar e partir
A mala está pronta, é só pedir
Estou só esperando


Você reclama
Mas ainda assim me chama
Você não quer que eu pare
que eu pare... pare


More more more
Running run-in running

Miss_K | 8:49 PM |

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Agenda do dia 22 de maio de 2001:

"Amor. Mas que bela invenção!
Só para dar lucro a analistas e videntes"

"Não adianta.
Todas as cores do teu guarda-chuva não são suficientes
Para proteger seus pés da lama"

No caso dessa última, a inspiração foi um sonho muito surreal que eu tive. Outro dia eu conto.

Miss_K | 8:18 PM |

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E para Marcelo e Ronna e todos os demais casais apaixonados e felizes:

Quando os amantes dormem
por Affonso Romano de Sant'Anna

Quando as pessoas se amam e querem se amar, selam um pacto: dormir juntas. E quando se fala "dormir juntos", o sentido é duplo: significa primeiro amar acordado em plena vigília da carne, mas depois, na lassidão do pós-gozo, deixar os corpos lado a lado, à deriva, dormindo, talvez.

Na verdade, os amantes, quando são amantes mesmo, mesmo enquanto dormem se amam. Agora ouço esses versos de Aragón cantados por Ferat: "Durante o tempo que você quiser / Nós dormiremos juntos". E penso. É um projeto de vida, dormir juntos, continuamente. A mesma ambigüidade: dormir/amar juntos, dormir/acordar juntos, ou então, dormir/morrer de amor juntos.

Deve ser por causa disto que os franceses chamam o orgasmo de "pequena morte". Deve ser por isto que os amantes julgam poder continuar amando mesmo através da morte, como Inês de Castro e D. Pedro, que foram sepultados um diante do outro, para que no dia do reencontro um seja o primeiro que o outro veja.

Amor: um projeto de vida, um projeto de morte. Se numa noite dessas o vento da insônia soprar em suas frestas, repare no corpo dormindo despojado ao seu lado. Ver o outro dormir é negócio de muita responsabilidade. Mais que ver as águas de um rio represado gerando uma usina de sonhos, é ver uma semente na noite pedindo um guardião. Pode ser banal, mas é isto: amar é ser o
guardião do sonho alheio.

Os surrealistas diziam: o poeta enquanto dorme trabalha. Pois os amantes enquanto dormem, se amam. Se amam inconscientemente, quando seus desejos enlaçam raízes e seivas. O pé de um toca o pé do outro, a mão espalmada corre sobre o lençol e toca o corpo alheio e, dormindo, se abraçam animados. Quando isso ocorre, pode ter vários significados.

Talvez um tenha lançado um apelo silencioso ao outro: "Ajude-me a atravessar esse sonho", ou: "Venha, sonhe esse sonho comigo, é bonito demais". E o outro, às vezes, sem se mexer, parte em seu socorro. É que certos sonhos, sobretudo os de quem ama, não cabe num só corpo. Transbordam os poros da noite e pedem cumplicidade. E se há um pesadelo, aí um se agarra ao tronco do outro na crispação do instante, e o corpo do parceiro é bóia na escuridão.

Por isto, no ritual do casamento, quando o sacerdote indaga se os que se amam sabem que terão que se socorrer na saúde e na doença, na opulência e na miséria etc... deveria se inserir um tópico a mais e advertir: ... amar é ser cúmplice do sonho alheio.

Passar a metade da vida dormindo ao lado do outro. Há pessoas que vivem 25 anos (bodas de prata), 50 anos (bodas de ouro), 75 anos (bodas de diamante) ao lado do outro, e não sabem com que o outro sonha. E há quem passe uma tarde, uma noite ou uma temporada ao lado de um corpo e sabe seus sonhos para sempre. Engana-se quem escuta o silêncio no quarto dos que amam. Estranhos rumores percorrem o sonho alheio. Não é o rugir do tigre pelas brenhas. Não é o bater das ondas na enseada. Nem
os pássaros perfurando a madrugada. São os sonhos dos amantes em plena elaboração.

E se numa noite dessas o vento da insônia de novo soprar em suas frestas, olhe pela janela os muitos apartamentos onde pulsam dormindo os amorosos. Quando se compra um apartamento novo, nas alturas, alguns compram lunetas e ficam vasculhando a vida alheia. Mas para ouvir o ruído dos sonhos basta abrir os ouvidos na escuridão. Os sonhos pulsam na madrugada. Era uma vez um chinês que toda vez que sonhava com sua amada acordava perfumado. Deve ser por isto que, ainda hoje, o quarto dos amantes
amanhece com um perfume de almíscar, lavanda e alfazema.

E é comum achar troféus dos sonhos ao pé da cama de quem ama. Quando se abre a pálpebra do dia, aí pode-se ver um unicórnio de ouro e uma coros de rubis. À noite os sonhos dos amantes se cristalizam e de dia se liqüefazem em beijos e lágrimas. Quem ama diz boa-noite como quem abre/fecha a porta de um jardim. Não apenas com quem viaja, mas como quem vai para a colheita.

Quando se ama, acontece de um habitar o sonho do outro, e fecundá-lo.

Miss_K | 7:58 PM |

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Não sei por onde anda o meu primeiro amor. Era platônico e findo o colegial, cada um foi para o seu lado, não restando sequer a amizade.

Já o meu primeiro amor concreto, real e realizado, esse eu sei o que faz, tenho notícias. Restou um grande carinho e uma amizade, à distância, mas muito fiel. Pobre de contatos, mas rica de cuidados.

E ele, que hoje chamo pelo nome, vai casar.
Hoje, pra ser mais exata.

Quando ele pegou um avião em busca da vida que sonhou para si, pensei que não seria capaz de suportar a saudade, a dor da ausência, aquela lágrima a cada vez que ouvia seu nome. Naquele momento, ele já não me amava mais. Nem eu a ele. Era um sentimento que não sei descrever nem nominar.

E ele, que hoje chamo Marcelo, simplesmente, vai casar.
Hoje. Já deve estar casando.
Com seus olhos verdes de sono sorrindo.

Ele não sabe da existência desse espaço. Se um dia tiver coragem, eu digo.
Assim como eu disse que desejo todos os desejos dele bem guardadinhos no seu cofre imaginário.
Lelo, Lelinho, Marcelo, Celo, amor, amigo, irmão, lindo. Ainda te amo, de outro jeito.
Seja feliz. Faça a Ronna feliz. E tenha certeza, assim estará me fazendo um pouco feliz também.

Miss_K | 7:53 PM |

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sábado, novembro 02, 2002

_ Você pode, por favor, tirar esses óculos escuros?
_ ...
_ Estou falando com você.
_ Ahn?
_ Tira esses óculos. Se não tirar, não tem conversa.

Ela só sabia falar olhando nos olhos.
Ele agradeceu a conjuntivite.

Miss_K | 11:03 PM |

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Pavement



Surrupiado daqui.

Miss_K | 9:23 PM |

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Pena que algumas pessoas não consigam entender sutilezas...

Miss_K | 2:53 PM |

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# t.r.ê.s x b.r.e.s.s.o.n #
(são várias as formas de amar)



(Untitled), Paris 1969


(Dieppe), France 1926


(Untitled), Mexico 1934

E não é preciso dizer mais nada...

Miss_K | 2:49 PM |

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sexta-feira, novembro 01, 2002

P.L.C, 16
"Que bandinha, que nada, Dé. Tudo na vida tem que ser é por inteiro". Do telefone para o chuveiro, e de lá para o carro do Dé. Ele, o sem-nome, acompanhava todos os movimentos do seu corpo, corpo que amava, venerava. E agora era possível ver suas costelas através da blusa de malha fininha, estava bem mais magra do que há um ano quando aquela loucura toda virou compromisso _ meio torto, é verdade, mas eles dormiam juntos regularmente. E acordavam também. Enquanto observava seus ossinhos salientes pensava no quanto ainda viveria com ela. Perdido nas vozes do próprio pensamento e das lembranças, se esqueceu da carona do Dé. "Vai ficar aí parado? O Dé tá esperando", ela gritou já com a porta aberta.

"Ah... o Dé. Tô pronto.Só pegar um negócio", disse com a voz lenta de quem acabou de acordar. Embora não tivesse dormido, sonhava. Com ela. E ela estava ali chamando-o de volta à realidade, com todos os seus ossinhos. Passou pela porta e viu o olhar de reprovação:

"Vai assim!?".
Ia, sim. Por quê?
"Você ainda me mata de vergonha".

Tentou beijar-lhe a face e o riso ficou suspenso no ar. Por que ela virara o rosto? Não o amava mais? A dúvida a martelar o juízo. Entraram no carro do Dé. Ela na frente, ele atrás. Ela rindo alto, ele calado. Ela falando da vida alheia, ele falou uma única vez, defendendo os alvejados. "Eu falo de quem eu quero". Nem mais uma palavra saiu da boca do magrinho até chegarem à festa. O Dé só de butuca, ouvindo tudo.

Ela desce do carro. Puxa o Dé pela mão. Deixa as portas abertas. Ele fecha uma a uma, tendo o cuidado de travá-las. "Vamos! Deixa isso aí", ela grita já da entrada. A poucos metros do portão, ele escuta o aviso de que ela está entrando na frente. Resigna-se a fazer um sinal de positivo. Ela ri. "Tão antiquado", ela pensa. E pensa no Dé. "Tão moderno". E tinha levado várias bandinhas lado a lado formando umas. Das fortes, diziam.

Ele entrou sem muita demora depois dela. Tempo suficiente para perde-la de vista. Procura aqui, ali e até onde se recusava a pensar que ela estivesse. Achou-a saindo do banheiro. "Por onde você andou?", ela foi cobrando. "Você é quem sumiu", disse na réplica. A rabissaca dela ferveu-lhe o sangue, mas segurou o ímpeto de dar-lhe na cara. Apenas deu as costas e sumiu de novo. Viu de longe as bandinhas juntas do Dé, as bandinhas que formam uma e que ela achava o máximo. "Nada de uma bandinha, tudo na vida deve ser por inteiro", repetiu várias vezes. Queria parecer cool.

Na tarde seguinte, o Dé nem espera o retorno ao telefone. Mal a ligação é atendida, ele fala tantas obscenidades quantas lhe viesse à mente. Recorda a noite anterior, com bandinhas juntas que formam umas. Olhou para ela atentamente e viu as marcas da noite anterior. Desligou o telefonema do Dé sem dizer palavra e pensou nas bandinhas. Nas bandinhas dela, divididas. Pegou uma bala inteira com duas bandinhas e saiu nas páginas policiais no dia seguinte.

Ao delegado só conseguia responder que "tudo na vida tem que ser é por inteiro".

"Tudo, delegado, tudo"

Miss_K | 12:54 AM |

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"Se existe Deus em agonia manda essa cavalaria que hoje a fé me abandonou"

Invento e exagero às vezes, mas é coisa pouca.

misskoltrane@yahoo.com.br

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Revirando o passado...

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