[band-aid, prozac e outros paliativos]



quinta-feira, novembro 27, 2003

Pode até não dar em nada. Pode até nem ser nada. Pode amanhã ele estar de volta aos braços dela. Pode não passar de um flerte. Pode eles casarem e terem lindos filhinhos numa casa de campo. Pode ser que seja só eu.

Mas nem me importo.

Fico feliz só por estar me interessando verdadeiramente por alguém após tanto tempo.

Agora, dá licença. Vou bem ali cantarolar aquela música que eu nem gosto, mas hoje até acho bonitnha.

Miss_K | 9:42 PM |

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quarta-feira, novembro 19, 2003

Cansei dessa amor em miniatura, maquete de cotidiano, casamento de fim de semana. Eu quero tudo é de verdade e por inteiro.

Miss_K | 7:33 PM |

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terça-feira, novembro 18, 2003

Não precisa me dar os parabéns pelo fracasso de não ser quem eu sempre quis. Pode deixar que eu mesma rio da minha cara. Tenho ironia suficiente para não se deixar abalar pela auto-estima.

Miss_K | 9:39 PM |

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domingo, novembro 16, 2003


Eu acho que ex-namorado deveria ser como os antigos vasilhames de Coca-Cola: acabou-se, vai no supermercado e troca por um novinho e cheinho. Né não?

Miss_K | 4:11 PM |

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quarta-feira, novembro 12, 2003

Nem lembro o que procurava no Google quando achei o blog dessa menina adorável. Digo adorável não pelo que ela escreve (embora também o seja), mas pela pessoa que é. Fico em segredo porque acho que esse blog dela é secreto. Ela não conta para ninguém, e eu mesma só soube de quem era por alguns pequenos detalhes.

Pois bem, fiquemos com uma poesia pinçada do blog adorável da menina não menos.


Flores murchas, Candinho Portinari


"As flores murcharam, sem a minha atenção. Nada me desperta tristeza ou alegria. Os vasos estão a um canto, ainda pendurados e a vista, pois nem me dei ao trabalho de trocá-las ou jogá-las fora.

As flores secas continuam enfeitando os vasos e têm até um certo toque de beleza triste, tornando a varanda e a fachada do prédio um pouco menos comum, um pouco menos parecidas com imitação barata de condomínio em filme americano.

As flores murchas e secas seguem, na minha varanda, representando a minha indiferença com a vida."

Miss_K | 9:10 PM |

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terça-feira, novembro 11, 2003

Tem certos dias que melhor do um livro ou as cenas pasteurizadas da televisão é acompanhar a vida que segue diante dos olhos. Tarde de sábado, salão cheio, deixei de lado as revistas e preferi que a moça do programa de esportes falasse sozinha. Entre tantas e entediantes futilidades de madame, atentei para a inquieta Taís, que, ao meu lado, balançava os pés sem poder tocar o chão.

As mãozinhas buliçosas acompanhavam os fonemas ainda desencontrados. E quem seria capaz de pedir àquela menina que não mexesse na caixinha de segredos da moça que faz unha? Puxava um por um os vidrinhos e ia lendo em voz alta. E assim passavam-se, em cores fortes e suaves, areias, princesas e cafés. Quando aprendi a ler era igualzinha, lendo do gibi à bula de remédio, outdoor não me escapava um. Os olhos acesos e a mamãe já aperreada com tanto falatório nos ouvidos.

Lá pelas tantas, ela interrompe as minhas memórias com o sacolejo de um dos vidrinhos na minha cara e pergunta se aquele era o meu, comparando a cor do esmalte com a que as unhas iam ganhando. Com a mão livre puxo para ver mais de perto. Os óculos estavam, como quase sempre, no lugar errado, a bolsa, e meus seis graus de miopia já não me permitem enxergar tão bem quanto ela. Ou quanto a mim mesma na época da cartilha de Lula e Davi. Naquela época, Lula era o papagaio mais bacana do mundo e eu confiaria nele de olhos fechados, tal e qual Davi.

Um tantinho impaciente com a minha demora, ela volta para si o esmalte e lê pausadamente: se-du-ção.

[Antes de mais nada, esclareço que o nome é brega, mas a cor é bonita. E, não, não tem nada a ver com o pagode Sedução.]

Taís pára por alguns segundos, com cara de quem achou alguma coisa muito estranha ali. Ela se vira pra mim, as mãos na cintura, e pergunta o que é sedução. Sabia o que era areia, princesa, café e até ameixa, que a mãe comprava de vez em quando. Mas sedução não sabia, não. Penso comigo mesma, “e agora como se sai dessa?”. Explicar o que era sedução a uma menina de quatro anos, cinco talvez; no máximo, seis.

Enquanto pensava numa resposta, ela me abandonou. Foi passear. Falava com uma e com outra, todas as meninas do salão enchendo de mimo, enquanto a mãe lavava o cabelo logo ali. Todo sábado era assim. Taisinha, como a chamavam, ia e vinha, dona do lugar. Perguntava o nome de quem não conhecia, como eu. Mônica, respondi. Ela riu e perguntou pelo Cebolinha. E pela primeira vez ri sinceramente com a pergunta que, há mais de trinta anos, acompanha todas as meninas que ganharam esse nome. Tudo bem que, nas duas últimas décadas, o Eduardo também faz parte da turma, dividindo os risos amarelos das Mônicas. Daltônicas ou não, né, Seu Maurício de Sousa?

Relaxei ao pensar que ela havia esquecido a tal perguntinha. Que nada! Se Taís parecia mesmo comigo na infância, o óbvio é que iria voltar e questionar visivelmente chateada se eu tinha me esquecido dela. Ainda mais que aos cinco anos tudo tem que ter um “porquê”. Verdade, a semelhança ia além dos cachinhos presos em maria-chiquinha e do gosto por ler toda e qualquer letra. E lá me veio ela com a tal perguntinha novamente. Toda minha amiga, exatamente como eu fazia quando tinha a idade dela e fazia melhores amigos de um dia em todo lugar. A timidez, não sei o motivo, depois é que me pegou de tal jeito que não tem volta...

Eu e a manicure, olhares cúmplices, achando muita graça naquela menina, naquela história e na nossa falta de jeito em responder pergunta tão simples. Simples mesmo, tenha certeza. O que complica é essa nossa cabeça de gente que acha que já sabe ler tudo, que entende muita coisa. Adulto é que quer inventar de por malícia em tudo. E nos acostumamos com essa pimentinha, das suaves também. Ora mais, se seduzir também é encantar, cativar, maravilhar, qual seria a dificuldade de explicar? Por que tanto embaraço? Já começava a rir era de mim mesma, mas agora com tranqüilidade. Afinal, estava tudo certo. Seduzir era o que a menina tinha feito com todos no salão. Era o que as cores e letras faziam com ela.

Já ia abrindo a boca pra começar a falar quando fui interrompida por um cutucão da Taís se rindo muito. Ela já sabia o que era sedução, é que tinha esquecido. Sedução era aquele chocolate, o do papel azul. E como pude perceber que a menina não resistia mesmo a um chocolate, não deixávamos ambas de estar certas.

Miss_K | 12:06 AM |

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terça-feira, novembro 04, 2003

[requentado]

Ele tem cara de tímido, talvez esteja tão só quanto eu. Está sim. Ele gosta de uma menina que gosta de outro. E provavelmente tem uma que goste dele, e ele não sabe, sequer imagina. Tem sim, com certeza, sua melhor amiga. Que bem poderia ser a menina de cabelos curtos que entrara duas paradas depois e ainda não tinha passado pela roleta. Eles não se viram e passaram a viagem sozinhos pensando no que dizer um ao outro. Ele contaria que estava triste por outra. Ela disfarçaria bem a sua tristeza e inventaria que tem um “cara aí” atrás dela. Ele sentiria um esgarçado de ciúmes, mas sorriria passando as mãos suavemente pelo cabelo castanho terminando por deixar a marca de dois dedos na pela alva do pescoço dela. Dessa vez o carinho fora mais forte por uma pitada de raiva que não poderia ser expressa. Ela não entenderia. Afinal, era sua amiga e amiga da paixão platônica, aquela que não sabia que dentro da mochila ele carrega um livro de Rubem Fonseca. Tampouco saberia que Rubem Fonseca esteve a serviço da propaganda do regime militar, o que muito nos entristece, a mim e a ele. Ela, que era do Movimento Estudantil, mas não estava no ônibus. Não naquele dia. Era, portanto, apenas coadjuvante da minha estória. Alguém de fora a tumultuar o amor que desenrolava na minha cabeça para o menino de mochila e a menina de cabelos curtos.

[Mania essa minha que alguns consideram meio ou inteiramente estranha. As pessoas que eu não conheço se tornam personagens durante os minutos ou horas do sacolejo no ônibus. Quando entro em um deles e dá para fazer a viagem sentada – e essa é uma grande vantagem do Circular – fico observando os outros passageiros e planejo suas vidas, suas histórias. Eu poderia ler um livro, eu sei, mas eu sempre lembro da mamãe dizendo que faz mal e de um amigo que operou a retina e acha que foi por esse costume. Então eu guardo o livro na bolsa e olho as pessoas, personagens tão interessantes. No ônibus, na rua, nos carro que passam, no ônibus ao lado também. Mas me detenho mais no meu próprio ônibus, quer dizer, naquele no qual estou. Até porque passo mais tempo e eu prefiro os longas-metragem. E lá se vai devaneio...]

A menina de cabelos curtos se levanta com o walkman nos ouvidos. Ela ouve Belle and Sebastian, I Don't Love Anyone para ser mais exata. "Yeah if there's one thing that I learned when I was still at school It's to be alone", vazou por entre seus olhos quando ela passou entre mim e o menino de mochila e óculos. Passou guardando o troco, mesmo que tenha dado o dinheiro certo da passagem. Sim, era um pretexto para fingir que não o viu, aqueles olhos enterrados na bolsa. Os dele estavam voltados para a rua, para a grande casa rosa onde não morava ninguém há anos. Acho que ele gosta daquela construção e que, assim como eu, pensa em como era viver ali, pois ali moravam pessoas antes de ser uma Reitoria. Como devia ser boa a vida de uma criança imaginativa lá quando a 13 de Maio não sabia o que eram carros.

Quando o ônibus fez a curva, ela já estava em pé perto da porta, pois gostava de antecedências, tinha medo de o ônibus arrancar antes que ela descesse no destino. Já quebrara a perna uma vez. Foi nesse momento que eu e ele nos levantamos quase ao mesmo tempo. Pude ver que fora da mochila ele carregava outro livro com aquela etiquetinha da biblioteca. Era um livro de História, a Era dos Extremos. Ele fazia História, então. A menina de cabelos curtos desceu, depois um senhor meio careca e uma mulher de trancinhas e, por fim, eu e ele. Eu na frente, ele atrás.

Nessa hora, eu já pensando que viajo demais.
Tenho que perder esse costume, penso, é só uma maneira de personificar meus estereótipos...

Mas ele passa por mim e grita "Adélia". Corre e alcança a menina de cabelos curtos, cutuca-a com a ponta do livro. Ela se vira tirando os fones e sorri. Ele passa o livro para a outra mão e passa a direita nos cabelos castanhos dela terminando por lhe fazer um carinho no pescoço. Ela sorri, ele também. E até eu. Eles seguem em frente e eu dobro para a esquerda.

Quem poderia responder se nos devaneios não há espaço para a realidade, mesmo que em fragmentos? Talvez Adélia.

Miss_K | 10:54 PM |

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"Se existe Deus em agonia manda essa cavalaria que hoje a fé me abandonou"

Invento e exagero às vezes, mas é coisa pouca.

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