[band-aid, prozac e outros paliativos]



segunda-feira, dezembro 27, 2004

A partir do próximo ano, passo a ser regida pelo meu ascendente. É o que dizem aqueles que acreditam em astros. Verdade, caminho a passos largos ao encontro de Balzac. Exagerada? Sim, deixe-me despedir de meus últimos dias de canceriana. Sou do tipo que rejeita crenças em horóscopos, mas não resisto a um. Porém, levo astrologia a sério, na medida do que o que é oculto permite. E acho mesmo que senti um pouco de mim indo embora ao longo de 2004. Talvez não seja o zodíaco, mas o amadurecimento natural, talvez os fatos positivos que me acompanharam, mas vi mudanças e gostei disso, qualquer que seja a explicação.

Julho não é mais de todo negativo. O mês de perdas e de anos completos deixados pra trás ganhou novo significado quando recebeu de braços abertos uma criaturinha muito branca de olhos e cabelos muito pretos. Quando ela ri, uma esperteza só, me enche de alegria e de vida. Às vezes sinto vontade de chorar de felicidade e não me importo mais que me taxem de brega, piegas, sentimental ou qualquer coisa assim. Tenho duas crianças lindas perto de mim, felizes, amadas e isso é, sim, um motivo para ser feliz eu também. Não são minhas, mas têm meu sangue, se parecem comigo no álbum de família. Quero filhos meus, mas quero um mundo diferente do que vejo quando abro minha janela.

Sexta-feira saí para comprar os presentes que ainda faltavam. Levava no bolso uma representação plástica do meu primeiro décimo-terceiro. Fiquei deprimida e envergonhada ao ver tanta gente na rua acreditando no tal do espírito natalino para ter um quinhão da felicidade, mesmo que de mentira, dos lares suspensos. Enojou-me ver tanta caridade por uma obrigação politicamente correta de ser solidário no Natal, presentes dados mecanicamente sem escolha, sem palavras, sem olhar no rosto de quem recebia, como carimbadas numa repartição. Ao sair do carro, vi uma criança, dois anos no máximo, fralda e chupeta, mas já repetia com a mão direita o gesto de pedir dos irmãos. O vendedor pensou que minha voz refletia a frustração do livro não encontrado, mas disse-lhe a verdade. A mulher ao lado não entendeu uma palavra e disse que também achava um saco tanta gente pedindo. Não achei que valesse a pena discutir. Embora a cada dia eu discuta mais por motivos como esse.

No passar de 2004 percebi que existem coisas pelas quais vale a pena discutir, e outras não. Mas só fui ver isso depois de discutir por um monte de coisa inútil. Acabei me metendo em histórias que não eram minhas, defendendo que já é bem grandinho pra se defender sozinho e transformando besteiras, discussões tolas, em coisas de importância.

Mas inimizade besta não é algo para se perder tempo. Principalmente agora que tenho tão pouco para me dedicar ao que realmente interessa. Tenho estado menos com meus amigos e me ressinto de não estar mais presente com pelo menos três deles nos momentos em que mais precisaram, mesmo que não soubesse o que fazer ou dizer. Algo que me proponho nesse próximo ano é superar essa fraqueza porque as amizades valiosas é que devem ser mantidas. Mas com isso pude perceber que a ausência de certos amigos, quando eu precisei, não significa necessariamente falta de amor ou de preocupação. Cada um tem uma maneira diferente de agir, de encarar as coisas e eu não devo esperar mais do que eles podem me dar. Existem os amigos das horas boas, os das festas, mas existem os de sempre e não vale a pena julgar, ordenar, escalonar ou etiquetar. Deixei de me levar também por questões fúteis, pois se ser policitamente correto é chato, ser cruel às vezes pode ter seu charme, mas ser sempre se torna deselegante.

Não gosto do que faço, mas sou boa. Custei a acreditar nisso, mas hoje leio algumas coisas passadas e rio de mim mesma. Como uma empresa fajuta pôde ter detonado tanto minha estima ao mesmo tempo em que consumia a maior parte do meu dia? Como por tanto tempo eu fechei os olhos para o que todo mundo vê, que de tão escancarado vira chacota? E eu pensando que o problema era comigo... Sim, é verdade que vez por outra ainda me arrependo de algo, acho que não merece ser eternizado no pano ou no papel. Mas é uma auto-crítica natural, não uma grade de ferro me prensando e dizendo que Fulano é melhor ou mais amigo da garotada. Não gosto, mas estou me acostumando e até vendo algo mais além, algo bacana. Estou bem e vou ficar melhor.

Não falo de amor quase nada, mas isso não quer dizer que não exista um cara muito bacana.
E caminho a passos largos também de volta ao manequim 38. Porque futilidade faz parte, é saudável.

Engraçado, mas há algumas coisas que, pensando bem, não me lembro se foram neste ano ou no ano passado, ou como aconteceram de fato. Pelo menos comigo, quando aparece meio borrado na linha temporal é porque não tem tanta importância. Acho que estou mais seletiva, existe muita coisa sem importância por aí mesmo. Que venham os 25, que venha sagitário, que venha o que realmente interessa.

Miss_K | 1:02 AM |

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"Se existe Deus em agonia manda essa cavalaria que hoje a fé me abandonou"

Invento e exagero às vezes, mas é coisa pouca.

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Revirando o passado...

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