"Eu não sou boa nem quero sê-lo; contento-me em desprezar quase todos, odiar alguns, estimar raras vezes e amar um."
* * * * *
O maior bem
Este querer-te bem sem me quereres,
Este sofrer por ti constantemente,
Andar atrás de ti sem tu me veres
Faria piedade a toda a gente.
Mesmo a beijar-me, a tua boca mente...
Quantos sangrentos beijos de mulheres
Pousa na minha a tua boca ardente,
E quanto engano nos seus vãos dizeres!...
Mas que me importa a mim que me não queiras,
Se esta pena, esta dor, estas caseiras,
Este mísero pungir, árduo e profundo,
Do teu frio desamor, dos teus desdéns,
É, na vida, o mais alto dos meus bens?
É tudo quanto eu tenho neste mundo?
Existem várias dores...
Machucar....
Bater...
Morrer...
Mas a saudade - é a dor maior!
E, mais dolorida ainda,
é a saudade de quem se ama!
Da pele.
Do cheiro.
Do beijo.
Da presença.
Da ausência.
Quando o amor acaba,
pra quem fica amando,
sobra a saudade!
Saudade de não saber.
De não saber o que ocorre
com quem se ama...
Saudade de não saber.
Não saber o que se fazer
com os dias longos que sobram!...
É enterrar o pensamento
em coisas vãs...
Saudade é chorar ou sorrir
numa música...
Saudade é o silêncio
da ausência.
É não saber...
É querer saber....
Saudade... é o sempre doer!
Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida.
* * * * *
Sim
Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.
* * * * *
Desencontro
Eu te dou pão e preferes ouro. Eu te dou ouro mas tua fome legítima é de pão.
É verdade... o disco 13 do Blur não foi uma boa opção para a tarde de hoje...
No Distance Left To Run
It's over
You don't need to tell me
I hope you're with someone who makes you
feel safe in your sleeping tonight
I won't kill myself, trying to stay in your life
I got no distance left to run
When you see me
Please turn your back and walk away
I don't want to see you
Cos i know the dreams that you keep is wearing me
When your coming down, think of me here
I got no distance left to run
It's over, I knew it would end this way
I hope you're with someone who makes you feel
That this life is the night
And it settles down, stays around
Spends more time with you
I got no distance left to run
Se a realidade só sugerir, eu não vou entender. Ou vou mesmo entendendo, vou me recusar a acreditar.
O que eu preciso é de uns bons socos que me deixem roxa e cheia de dores. Se bem que as dores eu já as tenho.
A realidade tem que me bater até me deixar de muletas. Ou na UTI. Isso.
Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que sua estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.
I see your face, I hear your voice
I touch the screen and wonder
And I been waiting for the sun to tell me
It's just been sitting here, I don't know why
If you could give me anything tonight
Just a wink, or even just a sigh
I'll be okay, 'cause I've been waiting for a sign
I've been waiting for a sign
I've been waiting for a sign
To come
Acabou-se a parte mais desesperante do meu desespero.
A repetição é para ressaltar mesmo.
E esse meu maior desespero, assim como todos os demais sentimentos, eu tive que viver comigo mesma.
Como se fosse apenas coisa minha, embora fosse bem mais minha.
Uma amostra de como seria o futuro se o meu maior desespero não tivesse cessado: sozinha.
O vale infindável chamado memória conclama céus e infernos nossos de cada dia passado. Mais do que um refúgio no momento de dúvida, é também a bagagem cheia de lembranças úteis e outras dispensáveis. Mas a quem caberá julgar? E como expurgá-las? Impossível fazê-lo de caso pensado. Talvez o tempo se encarregue de tal tarefa...
Sempre tive uma boa memória. Fosse para fisionomias, números de telefones, nomes, lugares, momentos... Há vantagem em não precisar recorrer à agenda para ligar ao amigo ou em decorar caminhos difíceis. Mas o que fazer com as lembranças que fazem o coração parar no estômago? Só resta torcer para que um dia seu espaço na bagagem seja reduzido e ocupe apenas um cantinho ali.
Mais de vinte anos acumulando, acumulando, acumulando... Que fique apenas dobrado, passado e amaciado com cuidado de mãe e esposa o algodão-doce desmanchando na boca enquanto recebe o afago do pai, o retorno do amigo querido, uma chuva de flores, a música de nós dois, a festa de reveillon, o beijo tão aguardado...
Mas hoje eu gostaria de não ter memória. Principalmente para datas.
Uma data pode fazer pesar mais a lembrança.
A lembrança que só eu tenho.
Mesmo assim, você, aceite o meu beijo de boa noite.
Tenho convicção que não tenho 22 anos. Deve ser menos, já que tenho me portado como uma adolescente de 16 anos. Assim como meu aniversário não deve ser em julho, mas em janeiro. Pois só um inferno astral pra justificar certas coisas atualmente. Posso até estar fazendo drama - sou dramática mesmo - e também sei das milhares de milhões de pessoas que estão piores do que eu. Mas acontece que o sofrimento às vezes pode ser bem egoísta. E o está sendo agora. Agravado pela TPM, que contraditoriamente também me deixou feliz. Após o telefonema de "já temos uma pessoa nessa vaga", minha mãe me arrastou para o salão; mesmo às cólicas, pois acredita piamente que o cabelereiro é o melhor amigo da mulher frustrada. Até quando erra a cor da tinta. E, preocupada com a minhas proporções corporais, não me deixou almoçar McDonalds. Engraçado... ela assiste Hebe e eu não posso comer McDonalds.
De todo modo, estão todos os três leitores convidados para celebrar meus 17 anos mês que vem.
"Rogou a Deus que lhe concedesse ao menos um instante para que ele não partisse sem saber quanto o amara por cima das dúvidas de ambos e sentiu a premência irresistível de começar a vida com ele outra vez desde o começo para que se dissessem tudo o que tinha ficado sem dizer, e fizessem bem qualquer coisa que tivesse feito mal no passado. Mas teve que render-se à intransigência da morte."
Gabriel Garcia Márquez, em O Amor nos Tempos do Cólera.
Você ama uma pessoa. Se dedica. Se entrega. Sofre. Chora. Esquece.
Aí aparece outra. Você tenta. Se esforça. Demonstra. Cuida. Conforma-se.
A primeira te vê em uma tarde nublada e coloca óculos escuros e abaixa os olhos fingindo que não te viu.
A segunda te encontra chorando numa noite, coloca óculos imaginários, também abaixa os olhos e finge que não te viu.
O que restou do amor? Nem um mínimo de respeito, de atenção. Educação até. "Oi tudo bom?", "O que houve?". Não, queridos, não arranca pedaço. Não reascende esperanças. Não sucita sonhos. Não desperta sentimentos mortos.
Engraçado. Engraçado como uma música que você não gosta pode tornar-se especial pelo simples fato de resumir um momento como se tivesse sido escrita de próprio punho no seu momento mais triste. Triste.
O sinal rubro de repente. Sua visão ignorara o amarelo. O freio deixando o odor característico de pneu em atrito com o asfalto, o cinto a comprimir-lhe o seio e o coração. Segurança agora. Física, ao menos. A buzina ressoando nos ouvidos e a pergunta de onde havia esquecido seu senso. No retrovisor, um dedo em riste, um mover de boca de xingamento. Ela fecha os olhos fingindo não ver, mas os abre em seguida e vira-se para o lado com o sinal ainda vermelho. Tormenta.
O olhar para um minuto.
Ali do lado. Ali.
Não havia mais ali.
E nem além.
Sinal verde. Outra buzina. A criatura do carro atrás deveria estar com os mais débeis pensamentos sem sequer imaginar o que se passava dentro dela. O estômago vazio, a cabeça cheia, o coração prensado. O pé leve sobre o acelerador e as mãos em dúvida se passam a marcha e guiam o volante ou se aparam as lágrimas não contidas. Fecha e abre os olhos novamente. Desta vez olha pra frente, mas não enxerga. Sai com o rosto molhado e atravessa o verde. Sem esperança.
O ali agora era lá.
Distante. Sempre fora.
Agora mais ainda.
Longe e perdido.
Say goodbye on a night like this
If it's the last thing we ever do
You never looked as lost as this
Sometimes it doesn't even look like you
It goes dark
It goes darker still
Please stay
But I watch you like I'm made of stone
As you walk away...
I guess I should take prozac, right, and just smile all night at somebody new
somebody not too bright but sweet and kind who would
try to get you off my mind
Não sou muito fã de Semisonic, mas eles têm umas musiquinhas legais. Na minha última viagem, foi um dos CDs que integraram a trilha sonora e eu me apaixonei por essa música. Além do mais, ela sempre lembrará bons momentos.
Closing Time (1998)
Closing time
Open all the doors and let you out into the world
Closing time
Turn the lights up over every boy and every girl.
Closing time
One last call for alcohol, so finish your whiskey or beer.
Closing time
You don't have to go home but you can't stay here.
I know who I want to take me home.
I know who I want to take me home.
I know who I want to take me home.
Take me home...
Closing time
Time for you to go back to the places you will be from.
Closing time
This room won't be open 'til your brothers or you sisters come.
So gather up your jackets, and move it to the exits
I hope you have found a friend.
Closing time
Every new beginning comes from some other beginning's end.
Yeah, I know who I want to take me home.
I know who I want to take me home.
I know who I want to take me home.
Take me home...
Closing time
Time for you to go back to the places you will be from...
I know who I want to take me home.
I know who I want to take me home.
I know who I want to take me home.
Take me home...
Closing time
Every new beginning comes from some other beginning's end...
um post da beatriz (assim, todo em minúsculo para acompanhar o post):
bom se tudo fosse mais simples do que já é. e a gente não esperasse mais das coisas do que elas podem ser. e se a gente pudesse sorrir junto hoje, e não querer esse mesmo riso amanhã. e se entregar sem pedir nada em troca. não exigir da felicidade que ela seja sempre igual. e poder sair e aproveitar o fim de tarde, olhar pro mar, passear de mãos dadas na areia, beijar apaixonadamente, e gostar pelo momento em si, sem pedir que ele se repita. porque é bom quando as coisas são, simplesmente. sem que se planeje, sem que se queira. é bom quando a necessidade não existe. estar porque se quer, mas não se precisa. ser suplemento, e não complemento. porque cada pessoa é inteira, se basta.
mas eu tenho mania de ser dependente.
eu também, beatriz. mais de sentimentos do que pessoas.
e não sei se isso é bom ou ruim.
Amor pode ser nada mais que somente uma palavra, totalmente desprovida de sentimento. Solta por um instante apenas, impensada e inconsciente. Puro clichê do momento.