Achei tão engraçado quando ele me ligou "para conversar" e fez um interrogatório da minha vida. Mais engraçado que já sabia todas as respostas.
"É, eu sei"
"Foi, fiquei sabendo"
"Sim, eu li"
"Eu soube, que chato!"
"Nunca fui mesmo com a cara"
"Pois é, me contaram"
Achei mais engraçado porque acreditava que quando ouvisse a voz dele depois de tanto tempo (quase seis meses sem nos falarmos direito!), iria ter que segurar meu coração com a mão, mas não foi o que aconteceu. Não sei se pela distância, se pelo que vivi nos últimos meses, não sei o porquê... Ele continua no meu coração, mas ocupando outro lugar. Não menos privilegiado, apenas mais tranqüilo. Não há mais paixão, apenas amizade. E achei isso muito bom.
Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
É desconcertante
Rever um grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Estratégia presume jogo. E eu não jogo.
Não gosto. E se gostasse, não saberia.
E mesmo que gostasse e soubesse, não tendo nada a apostar, não poderia.
Não tenho dinheiro no bolso e nem cartas na manga.
Apenas um coração. E este não vale porra nenhuma.
Tantos minutos guardados Poderia dizer mil coisas. E você sabe.
Mas assim como o dia está acabando, as palavras também seriam poucas para caberem em 15 minutos.
(afinal se o dia é hoje, que seja hoje)
Mais discreto, adequado e confortável é resumir:
Felicidades *
Em todos os 15 minutos.
Não os guarde.
Ou melhor, guarde-os, se assim preferir, mas não os esconda.
* E felicidade pode ser considerada um resumo?
Depende...
Morrissey seu desgraçadofilhadamãe! Por que você tem que ser assim!?
I Know It's Over
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
and as I climb into an empty bed
Oh well. Enough said.
I know it's over-still I cling
I don't know where else I can go
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
see, the sea wants to take me
the knife wants to cut me
do you think you can help me?
Sad veiled bride, please be happy
handsome groom, give her room
loud, loutish lover, treat her kindly
(although she needs you
more than she loves you)
and I know it's over-still I cling
I don't know where else I can go
I know it's over
and it never really began
but in my heart it was so real
and you even spoke to me and said:
"If you're so funny
then why are you on your own tonight?
and if you are so clever
why are you on your own tonight?
if you're so very entertaining
why are you on your own tonight?
if you're so very good looking
then why do you sleep alone tonight?
because tonight is just like any other night
that's why you're on your own tonight
with your triumphs and your charms
while they are in each other's arms.."
It's so easy to laugh
it's so easy to hate
it takes strength to be gentle and kind
it's so easy to laugh
it's so easy to hate
it takes guts to be gentle and kind
love is Natural and Real
but not for you, my love
not tonight, my love
love is Natural and Real
but not for such as you and I, my love
Oh Mother, I can fell the soil falling over my head ('til the end)
Ou se tem chuva e não se tem sol
Ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
Ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
Estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
Ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
E vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
Se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
Qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Cecília Meireles
* * *
Pois decidiu comprar o doce. Foi correndo. Daquilo dependia a própria vida. Chegou ofegante e suada, além de molhada de chuva. Pediu com sua vozinha tímida o doce que lhe parecia mais saboroso. O moço da padaria abaixou-se, pegou-o e colocou-o sobre o balcão. Ali estava, ao seu alcance, enrolado num guardanapo meio desleixado. Afinal aquilo só era importante de fato a ela.
Ainda com as mãos trepidantes, ela pegou-o com tanta ânsia que o sonho espatifou-se no chão antes da primeira mordida.
* * *
E agora? Quem iria limpar aquela lambuzeira toda no chão?
Quem iria levá-la de volta pra casa nos braços?
A saudade a cada dia me arranca um pedacinho.
Mas não adianta, passado, vir agora querer lamber minhas feridas do presente.
É 2003 e eu não vou retroceder ao início de 2002.